Escrevo hoje um conto democrático. Quase uma narrativa de um domingo. Aquele apreensivo, confesso que estava com medo e chego na fila de Milão e me deparo com o verde amarelo em prol da democracia, com a cara de Lula estampada. O próprio ex-presidente capitão, se apropriou da famosa camiseta amarelinha da seleção e o tal Brazilcore, tendência das cores verde amarelo, incomodava a quem defendia a democracia brasileira.
O dia foi passando, acredito que a contagem dos votos deixou a todos apreensivos, o vermelho, o tal símbolo da ameaça comunista, que levou uma militante invasora do plenário em 2016 pedindo intervenção militar a confundir a bandeira do Japão com a nova bandeira de um suposto Brasil comunista, virou resistência e luta pela democracia. O tom amado por Valentino, que o consagrou mundialmente, das solas Louboutin, ganharam uma deliciosa mistura com o verde e amarelo dos eleitores democráticos. Interessantíssimos de serem vistos e inclusive uma mistura improvável e divertida. O vestir-se é político e a essa união, para mim, é um símbolo de união, de amor, de resistência, de ressignificação e um gesto simbólico pela democracia e da reapropriação das cores que nos identificam como nação.
As próprias subculturas, sejam as atuais ou as passadas, usavam da roupa como uma grande aliada nas rupturas e mensagens a serem transmitidas. Hoje, dia 31 de outubro, vermelhamos abraçados ao nosso amado verde e amarelo, em um momento complexo e delicado para o nosso país. O dia 30 de outubro de 2022 vira um marco para democracia, aquela que venceu o autoritarismo, a falta de humanidade e a perversidade. Nossos panos nos acompanharam junto com bonés, acessórios e principalmente, e tentamos salvar o verde e amarelo da crise estética do governo atual.
Mostramos que a democracia é plural e respeita as mulheres, crianças e as minorias. Estamos em reconstrução, e assim como disse o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva em seu discurso após a sua vitória: “Não existem dois Brasis, vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não só quem votou em mim. É hora de baixar as armas que nunca deveriam ter sido empunhadas. Armas matam, e nós escolhemos a vida.” A bandeira é nossa e a união das cores tão bem-feita pelos eleitores, se encontram nas palavras proferidas pelo mesmo.