Em um mundo onde tudo parece residir em polarizações, vozes dissidentes podem encontrar lugar-comum.
Se há algo que acompanha a moda, e que muitas vezes a precede, é o comportamento, e não há exageros em dizer que o que mais tem ocupado nossas vidas desde 2020, de uma forma ou de outra, é o do bem-estar.
Apesar do conceito de bem-estar não ser em nada novo, foi apenas durante o isolamento dos últimos anos que muitos de nós de fato paramos para pensar nele, nos preocupar com ele, refletir sobre suas ramificações: bem-estar social, bem-estar individual, abordagem holística do bem-estar, etc.
No mundo das pequenas e jovens marcas a ideia do bem-estar pode ser vista de forma linear, bem empregada – impregnada pelos princípios pessoais de seus idealizadores, sendo que muitas dessas marcas, eu descobri por meio da Indie – Alternative Business, como, por exemplo, a Ervah Natural.
Ocorre que, como tantas outras boas ideais, a “hype” do bem-estar não está isenta dos desvios conceituais.
O exemplo mais conhecido de tais desvios, alguns argumentam, pode ser encontrado em marcas como a Goop, marca Wellness fundada pela atriz Gwyneth Paltrow, que, apesar das polêmicas que poderiam distanciar investidores, tem encontrado concorrência, especialmente na Califórnia, EUA, local que cada vez mais parece poder ser apelidado de “Vale do Silício do lifestyle Wellness”.
O que me compeliu a escrever esta matéria, entretanto, foi a ideia de bem-estar que tem sido verbalizada por meio dos consumidores de marcas como a Goop – relatos facilmente encontrados em pesquisas de internet.
Nestes relatos há um senso comum ao qual não atribui valor positivo. Trata-se da ideia de que Wellness significa “saúde extra” aos já saudáveis clientes, o que, com grande parcialidade aos meus ouvidos soou como um eufemismo para ganância, afinal de contas, essa tal “saúde a mais” deve ser comprada.
A influência das campanhas publicitárias de grandes marcas Wellness definitivamente parecem incutir esse desvio de conceito em consumidores, e àqueles que já possuem certa resistência em adotar um bem-estar real, esta ganância ao estilo Vale do Silício afasta ainda mais a perspectiva em firmar novas parcerias.
Este desvio de conceito, entretanto, não ocorre com pequenas marcas cujo approach é mais pessoal; cujas raízes são os princípios adotados por seus idealizadores.
A dificuldade em sedimentar uma pequena marca com visão em bem-estar real é um dos paradigmas que os novos criadores deverão enfrentar.
Não é à toa que citei a empresa Indie – Alternative Business, pois é justamente este o interlocutor capaz de comunicar efetivamente as diferenças entre o bem-estar do consumo e o bem-estar real, encontrados em marcas como a Ervah Natural, que também não citei à toa.
É por meio desta intermediação que o ceticismo começa a se romper, atraindo novos parceiros e clientes, conferindo destaque já em ascensão das “pequenas” marcas, transformando-as em fontes mais críveis e éticas de consumo.
Fonte de imagens: Academy to Innovate HR e freepik