BRECHÓ NÃO É CIRCULAR!

EITA, COMO ASSIM? O SEU MUNDO CAIU?!

O meu também caiu quando descobri, e faz pouco tempo que essa informação chegou por aqui de forma correta e tudo começou a fazer sentido, por isso venho compartilhar um pouco do que aprendi com você nesse textinho descontraído…

E o que sustenta essa economia, conhecida como circular é a ideia de que nada tem um fim, por isso, o “cradle to cradle” ou “berço ao berço”(título de um livro sobre o tema), é uma explicação resumida desse modelo econômico tão encantador.

Para nos aprofundarmos nesse conceito, nada melhor que um exemplo bem comum do nosso cotidiano, o papel semente, muito utilizado por alguns candidatos nas últimas eleições para imprimir os seus santinhos. A ideia aqui é muito simples, aquela matéria-prima que saiu da natureza pode retornar a ela tranquilamente, sem causar nenhum dano ou prejuízo ao meio ambiente, porquê aquele pedaço de papel, pode sim ser desprezado por quem o recebe, e escorregar das mãos que o pegaram e cair sem querer por uma rua qualquer, ou também podemos chamar isso de descarte incorreto, como preferir. Mas ao entrar em contato com a terra e a água esse mesmo papel brota como uma semente e vira uma linda árvore, que pode ser frutífera.

Ideia genial, não é mesmo!

Agora eu te pergunto, se por um acaso você jogar no lixo aquela camisa comprada em um brechó, o que vai acontecer com ela? Vai virar um resíduo não é mesmo! E se ela for de algum material sintético levará em torno de 300 anos ou mais para se decompor.

Bom, então vejamos, se dentro da economia circular nada tem um fim e tudo o que é comercializado dentro dos brechós tem um fim, o título desse post faz todo sentido e a pergunta que não quer calar é: onde esse mercado de segunda mão e vintage está inserido?

A comercialização de usados segue dentro da linha de produção linear ou convencional. Justamente porque na economia linear acredita-se que tudo tem um fim e que ao elaborar o projeto de um produto é necessário que seja estipulado um tempo de vida para ele, tempo esse que deverá ser determinado por diversas variantes, e dentre elas, um dos fatores determinantes será a matéria-prima utilizada na confecção do produto.

Portanto, a principal função dos brechós para a economia, sociedade e meio ambiente é o de respeitar o ciclo de vida dos produtos, e assim evitar as super lotações dos lixões espalhados pelo mundo afora, ou até mesmo que se transformem desertos em lixões. Porém, uma das notícias que mais circulam nos portais de moda sustentável e consciente é a de que o deserto do Atacama virou um depósito de lixo de fast fashions, ao mesmo tempo que todo dia brota brechó novo do chão, essa conta não fecha certo? Por quê?

Os brechós não vão salvar o mundo, é impossível já que temos empresas que trocam a coleção de suas lojas de 15 em 15 dias e consumidores ávidos por comprar a mais nova tendência do momento o tempo todo. Esse combo faz com que a existência de milhões de brechós não seja suficiente para salvar o mundo das atrocidades da indústria têxtil e da moda. É preciso rever as etapas de produção industrial, e não só a forma como se consome. A responsabilidade maior é do grande empresário, como sempre, e não do pequeno consumidor.

Nós somos induzidos ao consumo o tempo todo e tenha certeza de que mais da metade do seu armário não foi escolhida por você e sim por marketeiros que transformam objetos em desejos, e esse é o famoso fetiche da mercadoria. Fetiche esse que está escancarado na geração z, a geração que não se entende como cidadã política e sim como consumidora. A geração que acredita que vai transformar o mundo através da forma como consome. Mera ilusão, já que a base do capital é o consumo e o consumo consciente é consciente pra quem? Já que a geração Z consome de forma “consciente” e desenfreada ao mesmo tempo.

Portanto, a palavra consciente/sustentável foi inserida nesse contexto com o intuito de minimizar os impactos da culpa que grandes empresas carregam com a destruição do meio ambiente.
Outra questão muito importante de ser pautada por aqui é o “greenwashing”, termo em inglês que pode ser traduzido como maquiagem verde.

Grandes empresas são adeptas dessa prática, que tem como intuito passar a imagem de empresa que se preocupa e cuida do meio ambiente através de selos gerados por eles mesmos e propagandas que pregam uma falsa sustentabilidade. Então o jovem Z se deixa seduzir por todas essas falácias, vai lá e consome horrores, posta foto nas redes sociais, fala para todo mundo o quão legal essa marca é e que ela tem selo tal de preservação do não sei o que a quatro, mas na verdade polui e destrói como qualquer outra indústria. Porque uma coisa que precisamos entender é que o objetivo final de todo grande empresário é lucrar, e se a moda é ser sustentável eles irão investir nessa trend para continuar a gerar receita no final do mês e assim manter seus padrões de vida luxuosos. Por isso é muito importante ter senso crítico e saber usar os sites de busca a seu favor para assim encontrar verdades sobre como as grandes indústrias atuam de fato.

Então a economia circular pode ser vista como um braço nessa transição de sistemas que iniciamos recentemente. A lógica do capital está em crise porque a população está mais bem informada e a internet têm uma importância fundamental nesse processo, principalmente quando o tema é brechó, muitos perfis trabalham uma abordagem mais ativista e isso facilita o processo de absorção do conhecimento, já que a linguagem utilizada é bem popular. Brechó pode não ser circular, mas ele com certeza é informativo e oferece caminhos para adquirir mais conhecimento sobre a indústria têxtil
e o meio ambiente.