O marketing sensorial ou marketing de sensações nada mais é que estratégia de marketing que visa estimular nossos cinco sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
E muito mais do que uma tendência de criação de desejos e emoções no consumidor é um caminho necessário para se contemplar consumidores com deficiência.
Através de uma pesquisa realizada por mim com mulheres PCDs com baixa visão ou cegas, grande parte delas apresentou dificuldade no momento da compra, como falta de treinamento de profissionais de venda em espaços físicos, dificuldade em perceber os defeitos nas peças, fato este relatado por uma das mulheres com baixa visão e muitas informam que não conseguem sequer concluir suas compras e que estas dificuldades também estão no universo digital.
As etiquetas não possuem soluções para pessoas cegas ou que possuem a sua visão limitada. E a pergunta que surge… Até que ponto a indústria da moda continuará excluindo os PCDs? E o que temos em mãos para mudar esta estrutura?
O marketing de sensações ou sensorial pode ser um grande aliado à inclusão na moda. Pessoas com deficiência auditiva podem ter outros estímulos acionados no momento da compra como por exemplo tags descritivas sobre todos os aspectos que as roupas ou acessórios possuem e vou além… empreendedores, por que não preparar seus funcionários no atendimento a estas pessoas que possuem poder de compra e os mesmos direitos que todos nós?
Os estímulos devem ser acionados do início ao fim num processo de compra. O consumidor não almeja mais a compra pela compra e antes de qualquer conversão, ele quer viver experiências. Mas, estas experiências destinadas a um público que representa mais de 17 milhões de pessoas no Brasil, que são de pessoas com deficiência, segundo IBGE – 2011, não são somente experiências, mas sobrevivência.
Para uma das mulheres que entrevistei, uma funcionária pública que possui baixa visão, a mesma informou que apresenta dificuldades em realizar simples ações como comprar uma camiseta por exemplo por falta de preparo dos varejistas e também muita falta de empatia com esse público.
A audiodescrição já é uma ferramenta utilizada para gerar acessibilidade em todos os setores e já possuem empresas destinadas a isso no mercado. Por aqui já possuímos uma empresa parceira, a “Cinema Cego” e que executa muito bem este trabalho e o melhor, são muito abertos a implementar soluções a pequenas e médias empresas.
Tudo é marketing! Mas, que as estratégias de marketing utilizadas pela indústria da moda sejam de fato ações que visem verdadeiramente buscar soluções acerca das reais necessidades dos consumidores e que genuinamente possamos integrar ao invés de olharmos meramente para nós mesmos.
Advogada, especialista em criminologia e em direito da moda. É designer de moda e possui 2 marcas Slow fashion. Consultora em negócios de moda sustentáveis, professora em direito da moda e negócios de moda e ativista pelo Fashion Revolution.
