ENTENDA A RELAÇÃO ENTRE O RAP E A MODA.
Tanto para o mundo do rap quanto na moda, é sempre relevante lembrar: a função social há que ser cumprida para que a essência não seja esquecida, caso contrário estará sendo criado conectado somente à estética, que é importante, mas que esta não esteja desassociada de qualquer responsabilidade social que estes universos necessitam.
Para falar em rap precisamos voltar algumas décadas para os movimentos de contracultura, movimentos estes periféricos e que fogem de um pensamento de massa. A moda, como elemento de exteriorização de comunicação segue caminhos dúbios, no que tange a este movimento, seguindo um movimento de massa na atualidade com as crescentes produções em larga escala com as Ultra Fast Fashion, mas ao mesmo tempo gerando com as minorias ideologias exteriorizadas não somente nas passarelas, mas também no dia a dia seguindo as vertentes do underground com a intenção de quebrar o atual status das políticas e diálogos ditos na sociedade e vista instrumento de expressão novas ideias e novas visões de mundo, além de emancipar ideias e pessoas.
Tanto o rap quanto a moda são canais que surgiram associados à ideia de que servem para dar voz a movimento sociais, com objetivo de através da arte, expor e ter um diálogo compartilhado para gerar produções que se posicionem em causas sociais.
Por mais que o nascimento da moda não tenha sido necessariamente em sua essência exprimir desigualdades ou dar voz àqueles que nunca tiveram, como foi o rap e a cultura hip hop em sua essência, é notório que nas últimas décadas, a moda vem surgindo neste tom cada mais e mais forte, em que através da função social do segmento, se ressignifica, nos dando uma visão mais humanizada da indústria.
Na moda por exemplo, o mercado está diversificando as produções plus size, que respeitam o corpo das mulheres com manequim acima de 46, abandonando toda o conceito ultrapassado de padronizar os corpos e vestes, como se existisse um ideal de corpo a ser seguido e vendido.
Já no Rap, o que se pode verificar é a constante lírica e melodia relatando a violência policial que se repete e permanece constante nas favelas e guetos espalhados por todo o Brasil, em que muitas vezes o morador é visto como um marginal/traficante somente pelo fato de ser morador de uma comunidade às margens da cidade, fatos e relatos que se repetem com o tempo, trazendo a morte de muitos jovens inocentes.
Nestes dois universos, é preciso voltarmos na História para entendermos por quais motivos e funções tais movimentos foram criados, afinal, quem está se expressando? Qual o teor da expressão? Quais ideias são propagadas através da arte?
Portanto, o rap e a moda não só nascem frutos de uma contracultura de responsabilidade social mas permanecem e crescem através dessa contracultura, e pretendem mudar o atual cenário da sociedade e dar voz àqueles que não tem.
Por fim, é preciso que se retorne às origens quando pensamos em moda ou rap, pois ambas são manifestações artísticas que pressupõem a observância de ideias condizentes na sua função social, caso contrário é somente a expressão vazia de um mero esteticismo obedecendo as diretrizes do lucro, ou uma expressão vazia de um mero liricismo sem alma.
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